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Acúmulo de gordura nos músculos: um problema silencioso que aumenta o risco de morte

Foto: Divulgacao

Você sabia que a gordura corporal em excesso pode se infiltrar nos músculos, tanto entre as fibras musculares quanto dentro delas? Essa doença, ainda pouco difundida, é chamada de mioesteatose. Um estudo recentemente publicado na revista Radiology aponta que adultos com acúmulo de gordura nos músculos têm um risco aumentado de morte, similar ao relacionado a tabagismo ou diabetes.

Por isso, os especialistas estão adotando uma nova abordagem em relação à adiposidade nos músculos, assim como já acontece com o monitoramento do excesso de gordura no fígado.

Por Fernanda Bassette

Segundo o endocrinologista Clayton Macedo, que coordena o Núcleo de Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein e do ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a mioesteatose é uma infiltração gordurosa intramuscular que cada vez mais tem aparecido em trabalhos científicos que a correlacionam com obesidade, com diabetes, com sarcopenia (que é a diminuição da massa muscular) e também com doenças cardiovasculares.

“O nosso músculo é composto de fibras musculares e, quando temos depósitos ectópicos [de uma gordura que não deveria estar ali], nós temos a mioesteatose”, explica.

A obesidade, o sedentarismo, o envelhecimento, o diabetes e a síndrome metabólica podem levar ao acúmulo de gordura nos músculos da mesma forma que ocorre com o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática).

Quando a gordura começa a ocupar o espaço dentro da fibra muscular, o músculo fica doente, inflamado e começa a perder a qualidade, a força e a mobilidade. A doença não costuma dar sintomas inicialmente, mas, com o tempo, o músculo vai perdendo a função e passa a ser substituído pela gordura.

 

“Isso é algo que devemos olhar com cuidado porque o músculo é considerado o nosso maior patrimônio. Quando o músculo contrai, ele libera uma série de substâncias (miocinas) que regulam toda nossa saúde óssea, cardiovascular, metabólica e até nossa neuroplasticidade. Um músculo com muita gordura não funciona direito e, perdendo função, não vai executar as tarefas motoras e secretora de hormônios de forma adequada”, alertou Macedo.

 

Como a mioesteatose não costuma dar sintomas, normalmente a identificação da doença acontece por causa de exames como ressonância magnética e tomografia que são feitos para investigar outras doenças. “Os dois métodos de diagnóstico são considerados padrão ouro e conseguem definir o conteúdo de gordura no músculo. Essa gordura pode ser subcutânea (debaixo da pele, entre as fibras musculares) ou intramuscular (dentro da fibra muscular – essa que é a mioesteatose)”, explicou.

Como prevenir?

A prevenção da mioesteatose acontece principalmente através do exercício físico e de uma dieta equilibrada. Uma alimentação inadequada e o sedentarismo acabam favorecendo o acúmulo de gordura em locais onde normalmente não acumularia – entre eles, no músculo, no fígado (esteatose hepática), em volta do coração (gordura epicárdica) e entre as vísceras no abdômen (gordura visceral).

 

Segundo Macedo, o ideal é fazer uma combinação dos dois tipos de exercício físico: o aeróbio, que atua na queima da gordura, e o resistido (de força), que ajuda na manutenção da massa muscular e da força. Ambos contribuem para a manutenção do músculo saudável e também para prevenir a sarcopenia. A ingestão adequada de carboidratos e proteínas, além do sono reparador, também são determinantes para uma melhor qualidade e quantidade de músculos.