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Ausência de banheiros afeta a vida de 4,4 milhões de brasileiros

Foto: Divulgacao

Ausência de banheiros afeta a vida de 4,4 milhões de brasileiros, número maior que toda a população do Uruguai

São mais de 1,3 milhões de residências brasileiras sem acesso à banheiro exclusivo, aponta estudo inédito do Trata Brasil

Informações da PNADC presentes no estudo indicam que 1,332 milhões de moradias (1,8% do total de residências no país) não tinham banheiro de uso exclusivo do domicílio e o número de brasileiros que moravam nas habitações com privação de banheiro foi de mais de 4,4 milhões, número maior que toda a população do Uruguai. A maior parte das moradias com essa privação (63,1%) estava localizada nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando 841 mil habitações em 2022. Na região Nordeste, cerca de 4 a cada 100 moradias ainda não tinham banheiro de uso exclusivo. Entre os estados do Nordeste, a maior concentração de moradias com essa privação estava no Maranhão, Bahia e Piauí.

 

Mapa 1 – Moradias e população com privação de equipamento sanitário, em (%) dos totais, 2022

Percentualmente, os cinco piores estados com esta modalidade de privação, considerando moradias e a população, foram Acre, Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas, novamente com predominância das regiões Norte e Nordeste.

O perfil dos habitantes com essa privação indica que as pessoas autodeclaradas pardas prevaleceram no total da população em privação de banheiro, respondendo por 73,7% do total em 2022. A população autodeclarada branca respondeu por 13,8% e a autodeclarada preta, por outros 10,6%. Em termos relativos, contudo, a maior frequência ocorreu na população indígena, onde 5 a cada 100 pessoas estavam na condição de privação de banheiro. Analisando a população com privação de equipamento sanitário conforme a faixa etária, o estudo indica que quase 40% das pessoas que moravam em habitações sem banheiro de uso exclusivo em 2022 tinham menos de 20 anos de idade.

Do ponto de vista educacional, a grande maioria da população em estado de privação de banheiro não tinha instrução formal (18,1%) ou não tinha completado o ensino fundamental (54,5%). O peso da população que chegou ao ensino superior, tendo ou não completado esse ciclo, foi extremamente pequeno, de apenas 1,2% do total de pessoas em estado de privação de banheiro.

O estudo também identificou que 60,7% da população morando em habitações sem banheiro de uso exclusivo estavam abaixo da linha de pobreza em 2022. A distribuição da população com privação de equipamento sanitário por faixa de rendimento mensal domiciliar apresenta novamente uma forte concentração nos domicílios de baixa renda. Em 2022, 76,2% do total de 4,412 milhões de pessoas em privação de banheiro moravam em domicílios em que a renda total foi de, no máximo, R$ 2.400,00 por mês. Outros 19,5% das pessoas em privação moravam em residências cuja renda mensal domiciliar variava entre R$ 2.400,01 e R$ 4.400,00. Essas duas classes de renda totalizaram quase 96% da população em estado de privação de banheiro.

Sobre o panorama apresentado pelo estudo, Luana Pretto, Presidente Executiva do Trata Brasil, analisa o quão prejudicial é a ausência de saneamento para a qualidade de vida da população e para o futuro do país. “A privação dos serviços básicos tem implicações imediatas no cotidiano das pessoas, afetando sua saúde, seu trabalho e até mesmo seu estudo. É inadmissível que ainda tenham 4,4 milhões de brasileiros e brasileiras vivendo em residências sem acesso ao banheiro e que entre essas pessoas, a maioria são jovens em uma situação tão precária. Mudar essa realidade a partir do acesso pleno ao saneamento básico significa oferecer uma vida digna para os cidadãos” – finaliza a executiva.

Por: ByABC