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“Pare de colocar plástico no micro-ondas”, alerta pesquisador

Foto: Divulgacao

Um novo estudo publicado na revista científica Environmental Science & Technology analisou a segurança dos potes plásticos quando aquecido no microondas. Eles podem estar liberando milhões de partículas minúsculas, os microplásticos, nos nossos alimentos.

Quando ingeridos, esses fragmentos de plástico têm o potencial de desencadear uma série de problemas de saúde. Eles se agregam nos órgãos vitais, como o fígado, os rins e até mesmo o cérebro, desencadeando um desequilíbrio na flora intestinal. Esse desequilíbrio, por sua vez, cria um ambiente propício para o estresse oxidativo e a formação de espécies reativas no organismo. O quadro é ainda mais alarmante em crianças, uma vez que os polímeros presentes nesses fragmentos são amplamente utilizados na fabricação de mamadeiras. Isso intensifica a preocupação com os potenciais riscos à saúde das crianças.

Materiais de plástico que usamos no cotidiano são formados por uma longa cadeia de átomos de carbono ligadas entre si. Para conferir qualidades diferentes a esses materiais, são adicionados aditivos químicos que organizam de maneiras diversas essa longa sequência atômica. Assim é possível obter desde materiais como a sacolinha de supermercado até canos de PVC.

Para avaliar esse fenômeno, os pesquisadores compraram comida para bebês de duas marcas comerciais dos Estados Unidos, não reveladas na pesquisa. Para melhorar a acurácia das análises, a comida foi substituída por água deionizada, que simula alimentos como iogurtes, e acidificada, correspondente àqueles mais cítricos.

Os potes, feitos de polipropileno, foram submetidos a diferentes testes, para avaliar sua segurança simulando usos comuns. Além do microondas, os cientistas usaram os vasilhames para guardar comida fora e dentro da geladeira e em ambientes muito quentes. Depois, o conteúdo foi recolhido, a água removida, e os pesquisadores compararam a quantidade de plástico deixado para trás.

Vasilhas de polipropilenos são considerados seguros pela agência americana de vigilância sanitária, mas os resultados do estudo mostram o contrário. Usar os recipientes no microondas por apenas 3 minutos foi o suficiente para liberar até 4,7 milhões de partículas de microplásticos por centímetro cúbico de material, mostraram os resultados. Quando usados apenas para armazenar os alimentos, os potes foram mais seguros, e levaram a liberação menor de partículas. Ainda assim, os pesquisadores desaconselham o uso por longos períodos de tempo.

Os pesquisadores também viram que os nanoplásticos -fragmentos ainda menores de material- foram mil vezes mais abundantes, em média. Josiane Domingues, professora e pesquisadora da UFF (Universidade Federal Fluminense), alerta que quanto menor, maior o perigo representado pelos contaminantes. As nanopartículas, em particular, são capazes de permear as barreiras celulares do nosso corpo e cair na circulação sanguínea ou linfática. A partir daí elas atingem sistemicamente todo o organismo.

Em uma revisão de estudos científicos publicada na revista científica Sustainability, especialistas afirmam que os microplásticos podem causar problemas. Eles entram no nosso organismo através da ingestão, inalação ou até mesmo pela pele, mas a primeira via é a mais comum, especialmente com o consumo de sal e frutos do mar.

Uma vez no nosso corpo, os microplásticos passam a ser acumulados. Eles podem iniciar processos inflamatórios e comprometimento celular, alteração nas funções imunológicas, desbalanço na flora intestinal, problemas respiratórios, câncer e iniciar processos neurodegenerativos.

Josiane Domingues diz que ainda sabemos pouco sobre os perigos do material. “Existem poucos estudos em humanos. O que se tem são estudos in vitro, com cultura de células humanas, e estudos com animais que avaliam esse potencial.” A falta de pesquisa é resultado da dificuldade de quantificar precisamente essas substâncias.

Ainda assim, para a professora, as evidências que existem são suficientes para buscarmos uma mudança de hábitos. Para isso, é preciso deixar o plástico de lado na hora de esquentar comida. Ao usar o microondas, recipientes de vidro são a melhor pedida. Idealmente, ela acrescenta, os polímeros não devem ser usados para armazenar comida em nenhuma situação. Mas esse cenário ainda está longe de ser realidade.

 

Por: ByABC