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PT racha em São Bernardo do Campo por chapa com mulher de Marinho

deputado estadual Luiz Fernando Ferreira e com Nilza de Oliveira, mulher do ministro do Trabalho. Fotos: Divulgacao

A eleição municipal de São Bernardo do Campo, berço político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dividiu integrantes do PT na cidade. Uma ala do partido prega a formação de uma chapa “purosangue”, encabeçada pelo deputado estadual Luiz Fernando Ferreira e com Nilza de Oliveira, mulher do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, como vice. Atualmente, ela está lotada na Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, no governo federal.

Outro grupo de petistas prefere ceder espaço a um integrante de algum partido aliado. Até agora, o esboço do bloco de apoio conta com PDT, Solidariedade, PMN e PRTB. O próprio Ferreira tem dito a correligionários na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) ser favorável a isso.

Ele tenta convencer o PSB a apoiá-lo. A legenda, no entanto, filiou o deputado federal cassado Marcelo Lima com a promessa de que daria a ele o espaço de candidato à prefeitura. O parlamentar também pode ter o apoio do atual prefeito, Orlando Morando (PSDB), de quem foi vice.

A filiação de Lima ao PSB custou a ele o mandato. O Solidariedade, partido pelo qual se elegeu, foi à Justiça Eleitoral e conseguiu tomar a cadeira do parlamentar na Câmara. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato do parlamentar por 5 votos a 2 na última semana e, com isso, o ex-deputado Paulinho da Força deve assumir seu lugar. Por isso, a chance de uma composição em que ele abra mão da candidatura é considerada pouco provável.

“Ainda não descarto o PSB na nossa aliança. O Marcelo Lima se filiou ao PSB com a intenção de se candidatar. Nós gostaríamos de ter essa legenda na nossa base de apoio para repetir a aliança nacional na cidade de Lula”, diz Ferreira.

Nilza Oliveira, por sua vez, foi secretária de orçamento participativo na gestão de Marinho na Prefeitura de São Bernardo, entre 2009 e 2017. Antes, ela havia atuado nesta área no governo de Celso Daniel. Um dos defensores da composição de chapa com Nilza é o presidente do PT na cidade, Cleiton Coutinho.

“Eu não conversei com ela, mas se ela se colocar à disposição, tem meu apoio total e irrestrito. Não vejo dentro do partido um nome tão brilhante como o dela. Se ela for chamada, ela sabe da responsabilidade que tem com São Bernardo.”

Coutinho, no entanto, prega cautela no debate de definição da chapa, que, segundo ele, deve ser realizado com partidos aliados e comandado por Ferreira. “Essa avaliação cabe não só a mim, mas também ao conjunto de partidos que nos apoiam. O aval final deve ser do nosso candidato, o Luiz Fernando (Ferreira).”

Tanto Ferreira quanto Coutinho garantem ter recebido a sinalização de que Lula se envolverá pessoalmente na campanha à Prefeitura de São Bernardo do Campo, domicílio eleitoral do presidente e onde ele mantinha residência antes de ser eleito para um terceiro mandato.

Os petistas destacam o simbolismo do município para o partido. Foi lá que Lula comandou greves no fim da década de 1970 e no início dos anos 1980 e se projetou para a política. Foi na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo que ele se entregou à polícia quando teve a prisão decretada na Operação Lava Jato.

Hoje, a cidade vive um momento de enfraquecimento do complexo fabril, sobretudo na produção de carros. No ano passado, as fábricas da Ford e da Toyota fecharam as portas. Sobraram as instalações da Volkswagen e da Scania e da Volvo, que produzem caminhões.

Procurados, Marinho e Nilza não quiseram se manifestar. Reservadamente, auxiliares do ministro afirmam que ele não tem interferido no debate de escolha da chapa ou defendido a escolha de sua mulher.

Por: ByABC com AE Conteúdo