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Um terço dos idosos brasileiros relatam sintomas depressivos e 16% sentem solidão

Foto: freepik.com

Mais de um terço dos adultos (34%) mais velhos e idosos brasileiros apresentam sintomas depressivos, e 16% afirmam sentir solidão.

Além disso, a presença desses sentimentos é quatro vezes mais comum entre os idosos que relatam sempre se sentirem solitários, e o risco de desenvolver depressão dobra pelo simples fato de a pessoa morar sozinha.

 

Por Fernanda Bassette

 

A constatação é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também concluiu que a solidão foi mais associada ao sexo feminino, às sensações de má qualidade do sono e a uma autoavaliação ruim da saúde como um todo.

Os sintomas depressivos dos participantes foram avaliados por meio de um padrão utilizado em estudos científicos para verificar sintomas de depressão em adultos.

“Existe uma pequena diferença entre nomear essa variável como depressão ou como sintoma depressivo, já que a depressão é um diagnóstico médico. Para isso, a nossa fonte de dados teria que ser um prontuário médico. Como nossa base de dados foi uma entrevista realizada diretamente com idosos e nós avaliamos os sintomas que eles reportaram, optamos por chamar a variável de sintomas depressivos e não de depressão”, explicou o médico geriatra e doutorando em gerontologia Paulo Afonso Sandy Junior, um dos responsáveis pelo estudo.

 

Diferença entre solidão e isolamento social

 

Segundo Sandy Junior, a solidão ou sentir-se sozinho é definida como um sentimento negativo e doloroso, geralmente subjetivo, que acontece quando a pessoa espera receber mais das suas relações sociais e recebe menos, gerando uma insatisfação e o sentimento de solidão.

É diferente do isolamento social, que é algo mais objetivo, que conseguimos medir via indicadores, tais como viver sozinho, manter contatos sociais pouco frequentes, ter baixos níveis de atividade social ou de interações com outras pessoas.

“Quando eu falo de isolamento social, estou falando de algo objetivo. Não é porque uma pessoa tem poucas relações ou vive sozinha que necessariamente vai se sentir solitária. Do mesmo modo, a pessoa pode se sentir solitária não estando isolada, estando casada, tendo amigos, estar trabalhando”, disse Sandy Junior.

O pesquisador explicou ainda que morar sozinho é um dos indicadores do isolamento social, mas o fato de morar sozinho, diz o geriatra, não quer dizer que o idoso terá o sentimento ou a percepção negativa e dolorosa de que as relações sociais não o satisfazem. Mas, especificamente na população brasileira, morar sozinho acaba sendo um fator de risco para sentir solidão.

“Estamos falando de pessoas com 50 anos ou mais e existe uma peculiaridade nessa população, principalmente nos muito idosos, porque morar sozinho nem sempre é uma escolha, é algo inevitável.

É muito difícil que um idoso no Brasil vá morar sozinho porque quer, porque tem condição financeira de se manter, porque tem saúde ou porque se sente confortável.

Na maioria das vezes, eles moram sozinhos por falta de opção e isso acaba refletindo em outras coisas. E, quanto mais idoso, maior a chance de a saúde deteriorar, de ter limitações, aumento de dependência. E sem ter relações de suporte, esse idoso acaba se sentindo mais solitário”, avaliou o pesquisador.